Estudo da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto mostra que roupas usadas por profissionais de saúde interferem nas relações com pacientes
 
Você se importa com a aparência do seu médico? Para muita gente pode parecer algo sem importância, mas uma pesquisa realizada na Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP concluiu que o tipo de roupa e os acessórios utilizados pelos médicos podem interferir na sua relação com os pacientes.
 
A pesquisa foi realizada por cinco alunos da FMRP, orientados pelo professor José Antonio Baddini-Martinez, do Departamento de Clínica Médica. Durante um ano, eles coletaram opiniões de 509 pessoas, entre elas 259 pacientes, 99 médicos e 119 estudantes de medicina envolvidos em atividades no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (HCFMRP) da USP.
 
O estudo avaliou as impressões causadas pelos médicos quando se vestem com diferentes estilos de roupas. Do mesmo modo, também investigou o grau de incômodo potencial percebido pelos voluntários no que se refere a diferentes adereços e acessórios de vestimenta utilizados por médicos ou médicas que, por ventura, os atendessem.
 
Para captar as opiniões, os pesquisadores utilizaram um painel de fotos em que dois médicos voluntários, “modelos”, exibiam diferentes estilos de vestimenta (roupa inteiramente branca, avental branco, avental social, formal, informal, casual e vestimenta utilizada em centro cirúrgico). Logo após, pediam que, com base nestas fotos, os participantes respondessem qual dos profissionais parecia: mais instruído e competente; mais responsável; mais preocupado com os pacientes e mais higiênico. Também perguntaram qual deles transmitia mais confiança no diagnóstico e no tratamento proposto e qual deles preferiria para um consulta médica de rotina; uma consulta médica de urgência; conversar sobre problemas psicológicos e conversar sobre problemas sexuais.
 
Completada a entrevista, o voluntário era orientado a assinalar em uma ficha “como se sentiria caso o médico ou a médica que lhe atendesse usasse” um entre 20 itens relacionados com a aparência. Os itens avaliados, em ambos os sexos, foram: shorts, bermudas, piercing facial, anéis, muitos anéis, cabelos tingidos, cabelos tingidos com cor extravagante como verde ou vermelho, tênis, sandálias, uso de camiseta, mangas curtas e mangas longas.
 
Os itens avaliados exclusivamente para os médicos foram: uso de brincos, barba, bigode, cabelos compridos, paletó, gravata, jeans e ausência de gravata. Itens avaliados apenas para as mulheres foram: uso de maquiagem carregada, brincos grandes, casaco social, cabelos soltos, vestido longo, blusa sem mangas, blusa comprida e blusa, mostrando a barriga. As respostas foram divididas em duas categorias: incomodado e não incomodado.
 
“Este é o primeiro estudo que abordou aspectos relativos a julgamentos de valor sobre o modo de se vestir e à aparência dos médicos feito no Brasil. Além disso, este é o primeiro realizado em nível mundial que também abordou as opiniões dos estudantes de Medicina sobre o tema”, destacam os autores.
 
Na dúvida, vista branco!
 
De um modo geral, os resultados indicaram que os pacientes preferem médicos e médicas que utilizam estilos mais conservadores de vestimenta, em especial roupa inteiramente branca e, em seguida, o avental branco. Observou-se que os uniformes profissionais geram maior grau de confiança e identificação. Além disso, médicos e estudantes de medicina também demostraram preferência pelo branco e desconforto com aparências excessivamente informais.
 
“Nossos resultados sugerem que o uso de vestimenta totalmente branca é uma boa opção a ser adotada pelos médicos brasileiros, pois além de agradar um número substancial de pacientes, traz maior conforto num País onde temperaturas elevadas ocorrem em boa parte do ano”, afirma o professor Baddini-Martinez.
 
Melhor evitar
 
Os estilos classificados como formal e casual não foram opções preferenciais de nenhum dos grupos em nenhuma das situações propostas. No tocante aos acessórios, itens com grande grau de reprovação para ambos os sexos foram o uso de shorts, bermudas, muitos anéis, piercing facial, e cabelos de cor extravagante. Para as mulheres também foram reprovadas maquiagem carregada e blusas mostrando a barriga. Já para o sexo masculino, itens adicionais com reprovação foram uso de sandálias, cabelos compridos e brincos.
 
“De modo geral, tanto pacientes como médicos e estudantes, são muito conservadores no tocante ao que esperam da aparência de seus médicos” conclui o professor.
 
O artigo Impressões de pacientes, médicos e estudantes de Medicina quanto à aparência dos médicos foi publicado em outubro de 2013 na Revista da Associação Médica Brasileira. (Fonte: Saúde Business Web)
 

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