Falta de medicamentos e corredores lotados são algumas das irregularidades encontradas no maior hospital público do Tocantins

“A saúde do cidadão tocantinense realmente está exposta a um atendimento em nível de tortura e tratamento degradante.” Assim definiu o presidente do Conselho Federal de Medicina (CFM), Carlos Vital, uma visita surpresa, de 15 minutos, ao Hospital Geral de Palmas (HGP), na tarde de ontem. Foram visitados o Hospital de Campanha (anexo), corredores e sala vermelha do hospital.

Acompanhados da diretora do HGP, Renata Duran, os médicos percorreram o corredor onde estão alojados 70 pacientes, que esperam por uma vaga em um leito, em macas improvisadas; pelo anexo, que comporta 300 pacientes; e pela sala vermelha, que está funcionando como Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e atendendo 19 pacientes, sendo que oito contam com ventilação mecânica e oito estão alojados em macas retidas do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), segundo informações dos médicos.

Segundo o responsável pela fiscalização do trabalho médico do Conselho Regional de Medicina (CRM), Eduardo Komka, o Hospital de Campanha, que tem 100 leitos, não conta com ventilação e o ar no local é bastante viciado com todos os tipos de patologia. Além disso, nos corredores, pacientes ocupam o espaço destinado para passagem das macas que chegam com novos doentes e trânsito de profissionais da saúde, muitas vezes segurando até o soro que está tomando. No corredor da sala vermelha, onde está escrito na parede: “proibido colocar macas”, há cadeiras de macarrão para os pacientes. E, nas salas vermelhas, os internos da UTI pedem para continuar lá, não por ser um bom lugar, mas talvez por ser a única alternativa de sobrevivência.

Remédios

Alexsandro Gomes da Silva, 18 anos, está acompanhando a mãe com câncer que está internada há dez dias no anexo do hospital. Ele contou que pediu para comprar os remédios da mãe, porque está em falta no hospital.

Segundo os médicos, a situação é tão crítica que está faltando até luvas para exercer o atendimento nos pacientes. Os remédios em falta vão dos mais simples, como Buscopan, glicose, Omeprazol, Propranolol, antibióticos diversos, dentre outros.

Participaram da visita ao HGP, também, o presidente da Associação Médica do Tocantins (AMT), Genildo Nunes; a presidente do Sindicato dos Médicos do Estado do Tocantins (Simed), Janice Painkow; a diretora do CRM-TO, Nara Neli Torres; a vice-presidente do CRM, Jussara Martins; o presidente do CRM, Jaci Silvério, e o Conselheiro Federal do CFM, Nemésio Tomasella.

Precariedade

Em nova visita ao hospital, após mais de três anos, o presidente do CFM informou que a situação de precariedade continua. “Os corredores estão mais cheios, as salas improvisadas como se fossem salas de terapia intensiva e não há espaço algum para pacientes. A insalubridade é grande, o calor insuportável e não há refrigeração. Os médicos e pacientes são vítimas de uma omissão do Estado”, disse. Vital veio à Capital participar do Fórum Regional de Ética Médica, que teve início ontem e se estende até hoje. Ele palestrou na noite de ontem sobre a Judicialização da Saúde.

HGP

De acordo com a diretora do hospital, Renata Duran, o HGP é uma unidade de referência no Estado, com o maior número de especialistas e recebe pacientes, inclusive, de outros estados e, por isso, a superlotação.

Perguntada sobre as macas do Samu, Renata disse que é sazonal. “Tem dia que temos o hospital superlotado, com mais encaminhamentos do Samu e, devido à superlotação, temos que deixar o paciente. Não podemos colocar no chão, por exemplo”, explicou.

Sesau

A Sesau informa que trabalha com uma programação diferenciada para atender à demanda de medicamentos e insumos do HGP e que o abastecimento é realizado semanalmente. A pasta ressaltou que já realizou diversos processos de compras para manter os estoques das unidades hospitalares e notificou judicialmente e extrajudicialmente os fornecedores para garantir a entrega dos insumos necessários para os atendimentos dos pacientes.

Situação do HGP

70 pacientes no corredor;

19 pacientes na sala vermelha, sendo oito com ventilação mecânica e oito em macas do Samu;

Não está fazendo tomografia computadorizada;

Está faltando luva, Buscopan, glicose, Omeprazol, propranolol, antibióticos diversos, dentre outros.

 (Matéria: Jornal do Tocantins por Melanie Gothe)

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