O nascimento é o milagre da vida que acontece através de importantes alterações hemodinâmicas e respiratórias. Nesse momento, o sistema cardiovascular realiza a transição da circulação fetal para neonatal. O sistema respiratório essencialmente não funcionante intra-utero, deve rápida e efetivamente, iniciar e manter a oxigenação e a ventilação. Eventos pré- e perinatais causadores de asfixia poderão comprometer a transição cardiopulmonar habitual.  A reanimação tem como objetivos restabelecer e garantir a função cardiopulmonar, assegurando:  (A) permeabilidades das vias áreas , (B)  eficácia da respiração e (C) adequação da circulação. Ao nascimento cerca de um em cada 10 recém – nascidos (RN) necessita de ajuda para iniciar respiração efetiva, um em cada 100 precisa de intubação traqueal , e 1-2 em cada 1000 requer intubação acompanhada de massagem cardíaca e/ou medicações, desde que a ventilação seja aplicada adequadamente. A necessidade de procedimentos de reanimação é maior quanto menor a idade gestacional e/ou peso ao nascer. No Brasil em 2005 e 2006, 15 RN morreram ao dia devido a condições associadas à asfixia perinatal , sendo cinco deles a termo e sem malformações congênitas.

No planejamento para melhor assistir o RN ao nascimento, precisamos conhecer previamente antes da recepção do RN na sala de parto, dados maternos que são obtidos através da anamnese relacionada aos antecedentes familiares, clínicos e gestacionais pregressos e atuais, assim como do trabalho de parto e do parto. Todo o material necessário para reanimação deve ser preparado, testado e estar disponível em local de fácil acesso, antes de qualquer nascimento, e são utilizados na manutenção da temperatura, aspiração de vias aéreas, ventilação e administração de medicações. É fundamental a presença de pelo menos um profissional de saúde capaz de realizar todos os passos da reanimação em todo nascimento, no caso um médico e de preferência um Pediatra/Neonatologista. No caso de nascimento de RN de alto risco pode ser necessário a presença dois ou três profissionais capacitados em reanimação neonatal. O parto cesáreo, entre 37 e 39 semanas de gestação, mesmo sem fatores de risco antenatais para asfixia, também eleva a chance de que a ventilação ao nascer seja necessária. Estima-se que, no Brasil a cada ano, ao redor de 300.000 crianças necessitem de ajuda para iniciar e manter a respiração ao nascer e cerca de 25000 RN prematuros de muito baixo peso precisem de assistência ventilatória na sala de parto. As práticas da reanimação neonatal utilizadas nas salas de parto, baseiam-se em documentos publicados pelo International Liaison Committee on Resuscitation (ILCOR) a cada cinco anos, sendo o mais recente publicado em 2015. Tais documentos fazem parte das diretrizes propostas pelo Programa de Reanimação Neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria em vigência atualmente. A reanimação neonatal é uma das oito intervenções para diminuir a mortalidade infantil no mundo, estima-se que a reanimação realizada por profissionais de saúde habilitados possa diminuir em 20 a 30% as taxas de mortalidade neonatal e até 45% das mortes neonatais por asfixia.

1-Filho, Navantino A. et al – Perinatologia básica –Editora Rio de Janeiro,Guanabara Koogan, 2006, 21cap; 171-181.

2- Almeida MF; Guinsburg R – Programa de Reanimação Neonatal da SBP- Manual Didático do Instrutor 2016; Sociedade Brasileira de Pediatria – Rio de Janeiro.

3-Brasil. Ministério da Saúde- Atenção à Saúde do Recém Nascido, Guia para Profissionais de Saúde, série A, Normais e Manuais Técnicos 2011; I;2;29-49.

4-Kopelman B.I. et al – Diagnóstico e Tratamento em Neonatologia ; Ed.Atheneu, 2004 ; 2; 13-16.

 

Hélio Maués

CRM/TO – 792,  RQE- 235

Pediatra

Coordenador Estadual do Curso de Reanimação Neonatal da Sociedade Brasileira de Pediatria

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