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18 DE OUTUBRO. DIA DO MÉDICO.
Dia do Médico
O médico há muito entrou na era das estruturas em movimento, em todos os campos: político, econômico, social, cultural e religioso. Não se trata somente de uma mudança de conduta ou de agitações superficiais. É uma transformação do mais profundo do ser, uma transforação incessante, que vai sempre se acelerando.
Vivemos uma desordem profunda que atinge os médicos, tanto quanto toda a sociedade, ávidos de mudança. O que nos desaspera é precisamente a mudança; é que esta não se realiza onde, no nosso entender deveria produzir-se. Vivemos no mundo de máquinas e robots impedindo-nos de nos voltarmos à verdadeira dimensão humana da vida.
“O médico não é um Deus, é um homem e, como tal, falível; sejam quais forem sua ciência, sua atenção, sua boa vontade, ele pode errar; sejam quais forem seu vigor físico e suas faculdades intelectuais pode ter desfalecimentos, cujas consequências, serão talvez irreparáveis”. (Paul Hervé).
Paul Hervé mostra que a Medicina é repleta de ensinamentos. Mostra a limitude e a incompletude do médico. Contudo isto não pode impedir que o médico exerça a Medicina com amor, invulnerável à avidez e sede de glória.
O verdadeiro exercício da Medicina, porquanto toda ciência e, mais exatamente, toda filosofia, toda religião, toda moral, e mesmo toda política, na própria medida em que progridem e mudam, só confirmam a lei do amor, lembrada por Cristo há dois mil anos. Mas é também aquilo que mais se descuida o homem: a prática deste amor.
O médico deve entender o que o Evangelho lembra-nos, que o próximo é quem está imerso na miséria e na ignorância, no desprezo e no sofrimento, é quem está alienado, esquecido, oprimido e as minorias, mas antes de quaisquer outros, a população carente, marginalizada e abandonada. Afinal, não pode o médico resignar-se a ser somente uma engrenagem de consumo. É essencial que ele entenda sobre o sentido da sua existência e a construção do seu future e que muito nos preocupa com o grande número de suicídios de médicos, a multiplicação das neuroses, a incapacidade de se adaptar à mudança e ainda mais de orientá-la num sentido positivo, que em muitos se constata, são sinais indiscutíveis de uma crise endêmica que reclamam as transformações da condição humana, que por sua vez reclama uma transformação da moral e mesmo da moral cristã, no espírito do Evangelho.
A desordem que hoje impera em todos os segmentos da sociedade, notadamente na saúde e assistência médica, trai a necessidade de uma ética para se orientar num terreno movediço em transformação incessante, numa atitude de escuta, de máxima atenção aos problemas, contestações, revoltas, sofrimentos e esforços para construir uma sociedade mais justa e mais humana. O desejo de mudança vibrará no coração de cada médico. Colocar-nos-emos no cruzamento dos caminhos, lá onde as transformações se operam, onde a multidão dos passantes corre o risco de se extraviar, onde a moral deve construir novos caminhos.
Só há uma fonte de energia que os médicos podem fornecer ao mundo, é o amor ao seu semelhante mergulhado na fome que não sacia, habita hospitais sem nenhuma esperança de cura, mora na promiscuidade e na sujeira de uma favela ou não tem um trabalho, ou só tem trabalhos estafantes, ou não aprendeu a ler e a escrever, que bate em portas fechadas que nunca se abrem às suas necessidades? Pode adquirir o sentido da dignidade humana quem nunca teve a oportunidade de viver como homem? Que continua a esperar contra toda esperança?
O médico deve ser essa fonte de energia e que possa experimentar em sua vida a sede do amor de Deus buscando sem cessar a sua presença e que possa permanecer sereno e tranquilo diante das tempestades da vida.
Eduardo Braga, Médico
Conselheiro do CRM-TO
e-mail: eduardobraga7070@hotmail.com