A pandemia de COVID-19 tem gerado muita ansiedade e até nervosismo, provocando, muitas vezes, condutas intempestivas, sem o adequado assessoramento profissional.
Frente a sintomas ou contato com pacientes de COVID-19, as pessoas têm procurado realizar “testes rápidos”, nos locais mais diversos.
É importante conhecer sobre os testes diagnósticos para entender qual a sua eficiência. Um parâmetro para aferir a eficiência de um teste é a sensibilidade. Sensibilidade é a capacidade de um teste para identificar, dentre as pessoas com suspeita de doença, aquelas realmente doentes.
Em primeiro lugar, temos o teste para identificação do vírus COVID-19, chamado RT-PCR. Ele pode ser realizado pelo raspado da nasofaringe (swab) ou pelo escarro (em pacientes com tosse produtiva, ou seja, com expectoração).
A sensibilidade do RT-PCR é de 67% na primeira semana, 54% na segunda e 45% na terceira. Sendo assim, esse teste erra (apresenta falso negativo) em 33% dos pacientes na primeira semana de sintomas, tendo a chance de erro aumentada com o passar das semanas.
A qualidade da coleta da amostra também influencia na eficiência desse teste.
Idealmente, para se obter maior eficiência diagnóstica, o teste RT-PCR deve ser realizado quando houver sintomas compatíveis ou necessidade de confirmação da infecção.
Em segundo lugar, temos o teste para detecção de anticorpos COVID-19 (imunidade do nosso corpo contra o vírus), chamado sorologia. Ele pode ser realizado em uma gota de sangue (teste rápido) ou pela coleta de sangue endovenoso (realizado em laboratórios de análise clínica).
A sensibilidade da sorologia é de 38% na primeira semana, 90% na segunda e quase 100% na terceira. Portanto, esse teste erra (apresenta falso negativo) em 62% dos pacientes na primeira semana de sintomas, o que é uma taxa absurdamente alta.
Idealmente, para se obter maior eficiência diagnóstica, o teste de sorologia deve ser realizado a partir do 8º dia do início dos sintomas, momento que consideramos tardio do ponto de vista clínico, retardando o isolamento e o tratamento.
Os testes rápidos têm sido realizados em farmácias, supermercados, empresas em geral, órgãos públicos etc. A eficiência destes testes, porém, é baixa, se realizados frente a sintomas iniciais.
Estes testes dificultam o diagnóstico, confundem as pessoas e os profissionais de saúde.
Por isso, a recomendação é que pacientes com sintomas iniciais procurem unidades de saúde para realizar uma correta avaliação, exames específicos e tratamento precoce. A epidemiologia (contato com pacientes suspeitos ou positivos) e a história clínica do paciente são fundamentais para se realizar o diagnóstico e iniciar precocemente o tratamento. Em medicina, temos uma antiga frase: “a clínica é soberana”. Ou seja, a história clínica é essencial para se fazer um correto e precoce diagnóstico de COVID-19.
É importante levar em conta que, em pacientes com sintomas de COVID-19, um teste negativo não descarta o diagnóstico, podendo, nestes casos, ser iniciado o tratamento precoce. Isto quer dizer que pacientes com sintomas de COVID-19 devem ser considerados positivos, podendo iniciar o isolamento e o tratamento precoce.
Dr. Andrés G. Sánchez
CRM-TO 2290
Cardiologista RQE 991
Hemodinâmica RQE 1.001